Perspectivas para a Inteligência Artificial em 2025

Não é apenas uma questão de adotar as novas tecnologias só porque sim – ou, ainda, só para acelerar processos
Você, leitor ou leitora deste Meio & Mensagem, deve ter se deparado inúmeras vezes com análises dizendo que a inteligência artificial é a bola da vez. E, de fato, não há como negar que as novas tecnologias de LLM (Large Language Model) e ML (Machine Learning) já estão transformando nossa indústria de maneira significativa.
O impacto vai muito além das projeções futuristas. Ele já é palpável, e não se restringe ao que acontece das portas das agências para dentro. Inicialmente, as ferramentas de IA eram usadas de modo discreto, quase como instrumentos auxiliares para automação de funções cotidianas, como disparo de mensagens e elaboração de e-mails internos.
É difícil encontrar alguém que, a esta altura do campeonato, ainda enxergue a inteligência artificial desta forma. Isso porque as potencialidades estão cada vez mais latentes – e são discutidas publicamente por praticamente todos os players do mercado. Ainda assim, minha visão é que há uma espécie de interpretação equivocada sobre o real poder de transformação que as inteligências artificiais colocam sobre a mesa.
Antes de explicar em mais detalhes o meu raciocínio, vamos voltar um pouco no tempo. Até a popularização dos meios digitais, as agências tinham um modus operandi consolidado e que girava, evidentemente, em torno de operações físicas. Para ilustrar com um exemplo simples: durante décadas, as peças publicitárias eram feitas uma a uma por artistas que trabalhavam com instrumentos como lápis e pincel.
A digitalização promoveu uma revolução. As possibilidades se multiplicaram no mesmo ritmo das novas ferramentas, que surgiam e se popularizavam aos montes a cada ano. De um ponto de vista simbólico e até mesmo literal, o número de botões passíveis de serem clicados nas plataformas foi crescendo em ritmo alucinado. Pense num aplicativo de edição de imagem: novas ferramentas foram sendo incorporadas ao longo do tempo, desbloqueando novas funcionalidades e modalidades de uso.
Ao mesmo tempo, as agências também se transformaram para refletir todos esses movimentos. Cada uma das novas plataformas e cada um dos novos botões exigia um certo grau de expertise. Por isso, o que ocorreu foi uma segmentação das agências em silos, refletindo a necessidade cada vez maior de especialização dos profissionais.
É nesse contexto de ultra especialização que a inteligência artificial apareceu, a partir de 2017. E a evolução das próprias ferramentas de IA – cujo marco simbólico é, evidentemente, o lançamento do ChatGPT em novembro de 2022 – foi responsável por expandir os horizontes de forma bastante rápida. Em 2025, o ambiente está mais do que propício para inovações.
Ouço muitas pessoas do setor dizendo que IA vai deixar todos os processos mais rápidos. E que essa velocidade mais alta será a principal novidade desta nova era tecnológica. Esse pensamento traz uma limitação importante. Não que os ganhos de rapidez possam ser desprezados – afinal, são uma das faces do ganho de eficiência que a IA traz.
Mas a visão que temos na Monks é que a IA não é uma mera ferramenta, e sim um parceiro a ser incorporado ao nosso trabalho de forma integrada e estratégica. E que pode (e deve) ser usado para aprimorar o processo de tomada de decisão e aguçar o nosso senso de inovação.
Isso implica, em última instância, que precisamos pensar a implementação de IA fora da “caixinha” dos silos construídos nas últimas décadas. Não é que cada área dentro de uma agência deva investigar individualmente como pode usar as novas tecnologias. Essa reflexão precisa ser feita de forma macro, envolvendo todo o negócio.
Até porque a inteligência artificial está reduzindo o número de botões de cada plataforma. Atividades que antes requeriam grandes expertises e domínio de várias ferramentas agora podem ser feitas em um único comando, via inteligência artificial. Ou seja, a própria base do sistema de silos que definiu as agências até aqui está se transformando (para não dizer ruindo). Ao mesmo tempo, ter um domínio das ferramentas de inteligência artificial – em todas as suas variedades e empresas de origem – se prova um diferencial cada vez mais relevante.
A quebra dos silos significa que a inteligência artificial não vai ser usada apenas para produzir peças mais rapidamente e acelerar processos de comunicação interna. Ela vai ser usada para potencializar, de forma integrada, os conhecimentos de mídia, redes sociais, dados e criatividade para adaptar as mensagens em tempo real e garantir que os conteúdos certos cheguem às pessoas certas, no canal certo. E, é claro, com maior rapidez e menor preço. É aí que entram temas como personalização, análise preditiva de dados e automação de processos.
2025 será um ano de continuidade desses movimentos. Mas, mais importante, será um momento crucial para entender quais empresas estão prontas para encarar essas transformações e abraçar o pensamento disruptivo que a nova era de inteligência artificial exige.
Não é apenas uma questão de adotar as novas tecnologias só porque sim – ou, ainda, só para acelerar processos. O momento exige reflexão estratégica e capacidade para entender que a revolução de IA não é “para inglês ver”, mas sim para obter ganhos de eficiência em todas as frentes.
Artigo publicado originalmente no Meio&Mensagem.
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